quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Maré

Muitas vezes comparo-me com a maré, mas sinto que diferente dela, minhas marés altas são passageiras, como um sonho bom. Sinto-me mais familiarizada com a maré baixa, dias iguais, vazio. Mas, ainda sim, algumas vezes o mar insiste em ficar turbulento, águas escuras como a noite, tão frias, mais frias do que a própria solidão.
Nesses dias o sol não ousa brilhar e a escuridão se torna intensa e infinita. Tantas ondas, tantos cortes reabertos, feridas sangrando noite, frio. Não deixe ninguém entrar no mar, não se afogue! Não deixe ninguém se afogar. Pessoas sempre se afogam.
Será que algum dia alguém vai nadar contra essa noite, lutar contra a maré? Mergulhar fundo, de cabeça, trazer a lua e as estrelas para dentro da noite, abraçar o mar e esquentar todo o frio da solidão?
Bom, querido alguém, fique. Se for para iluminar minha noite com suas estrelas, fique. Se for para aquecer minhas águas com seus abraços, te peço, fique. Não ouse vir, me mudar e ir, não traga-me a luz se vai deixar-me no escuro, não faça chover.
Alguém, se fores mudar-me, monte um cais, bagunce meu caos, mas fique.

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