sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Porto Seguro.


São três da manhã, ela está aflita. Ela entra em seu carro e vai atrás dele. Chega em sua casa, ainda tem a chave da porta da frente que ele lhe deu, ela a usa para abrir e entra com cuidado de não fazer muito barulho, e pensando seriamente em devolve-la, mas pensa melhor e acha que ela ainda terá alguma utilidade.

A casa está vazia, exceto por uma pequena luz vinda do quarto dele. Ela sente como se estivesse invadindo mas não tem forças para tirar-se de lá, ela precisa vê-lo.

Eles se conhecem à tão pouco tempo, mas isso não impediu de se gostarem imediatamente, um sabe muito do outro mas sem ao menos fazer qualquer pergunta, basta um olhar, algumas palavras conversadas e pronto, estão conectados, eles se parecem em quase tudo.

Ela abre a porta de seu quarto e entra de cabeça baixa. Ele a escuta mas não demonstra ter o feito. Ela caminha até sua cama e se senta no chão olhando para ele, imaginando que ele adormeceu enquanto lia e deixou a luz do abajur acesa.

Ele abre os olhos e a olha, ela sorri:
Ele: Está tudo bem com você amor?
Ela: Eu não faço idéia. Desculpe ter entrado assim, te acordado assim, já é tão tarde…
Ele: Você sabe que não tem problema, então não se preocupe.
Ela: Eu…eu só queria te ver, não sei porque, mas precisava, então acho que já vou indo.
Ele: Não. Fique, converse um pouco, quero ter certeza que está bem, tudo bem para você?
Ela: Sim, tudo bem.

Ela levanta do chão e se senta ao lado dele na cama. Ela olha para os nós das mãos e depois olha para ele e o encontra sorrindo e sorri automaticamente em troca.
Ela: Porque está sorrindo?
Ele: Porque eu gosto de olhar para você.

Ela cora e olha para suas mãos mais uma vez, ele suspira e a puxa para um abraço, e a conduz à deitar com ele na cama, eles ficam assim, deitados e abraçados por um bom tempo, e era isso que ela queria, um abraço dele, esse foi o seu grande motivo de estar ali, e só de pensar nisso ela sorri.
Ele: Vai ficar essa noite?
Ela: Você quer que eu fique?
Ele: Sim, você é sempre uma boa companhia e uma boa pessoa para se abraçar de noite. Ele ri.
Ela: Tudo bem, mas me leva para a escola amanhã cedo?
Ele: Claro amor.

E assim os dois dormem, e ela pensa no quanto gosta dele, e no quanto é grata em ter um amigo como ele, e que assim eles vão aprendendo a conhecer um ao outro, e descobrir mais e mais o quanto são parecidos, e isso é algo a se orgulhar.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Rua das ilusões.


Existe uma rua, não muito longe daqui, que tem um nome lindo, e que muda de pessoa para pessoa. Cada um vê o que mais gosta nessa rua, cada um tem o que quer dentro dela. Uma vez que você está dentro você não quer mais sair, lá não tem dor, não tem tristeza. Lá é um lugar mágico, você vê o que quer e tem o que quer, mas não se engane, aquela rua é feita de tristezas, ela gosta de dor, ela se fortalece dos seus piores medos.

Não entre na rua das Ilusões, ela te quer lá dentro, ela quer te consumir, ela vai te matar, tudo é bom dentro da sua cabeça, mas isso é porque ela fecha os seus olhos.

Eu já estive lá. Você imagina um céu e entra no inferno sem perceber. E se você deixar-se levar, tudo vai acabar matando você. Pense, é uma simples questão de abrir os olhos.