quarta-feira, 13 de abril de 2016

Como ser fumaça


Eu tô bem, mas na verdade, não sei mais como fazer para respirar. Eu tô sorrindo, enquanto aqui dentro, só faço chover. Tô engasgada com o gosto meio amargo de cigarro da sua boca. E eu também tô quebrando aos poucos, virando pedaços em cada marca sua deixada em mim.
Você sempre foi como fumaça, linda, sempre ao meu redor, sempre deixando seu cheiro como lembrança, misteriosa, sempre partindo. Nunca consegui te alcançar, mesmo quando te tinha nas mãos, tive que me acostumar com você escorrendo pelos meus dedos. E eu te amei, mesmo sendo fumaça e dissipando-se sempre que se sentia assustada, eu preferia te amar na sua forma livre, feliz, como fumaça, vez ou outra ao meu redor, em minhas mãos, em mim. Até você descobrir sobre o amor que sempre esteve ali e sumir no ar.
Então, eu tô bem, mesmo não conseguindo mais te respirar, ou sentir o calor da tua fumaça no frio da minha pele, mesmo sem te ver ser fumaça distraída brincando de desenhar universos só teus. Teu caos, tua arte, vão deixar o aroma da lembrança impregnados em mim, e eu sigo bem, sorrindo.